Wednesday, July 8, 2020

O Plátano ...

Brasil, 8 de julho de 2020 - quase cem dias de quarentena. Se não fosse o trabalho e os amigos eu não teria conseguido. O País como sempre vai de mal a pior. Tenho feito um resgate de muitas coisas nesse tempo de pandemia, e uma delas é esse blog que estava "dead". Resolvi escrever algo não juridico, talvez numa escrita criativa ou apenas para preencher alguns minutos do meu dia entre uma reunião ou outra ou entre um encontro online e outro, ou simplesmente entre um processo e outro. O plátano na minha janela me pede isso. Sim, há um plátano lindo que me acompanha nesse momento de pandemia. Comecei a observá-lo com mais cuidado em março, quando começou o FIQUE EM CASA aqui no Brasil. Chegando da praia, sentei-me aqui, onde estou agora e comecei a olhá-lo com cuidado. Confesso que fazia muito tempo que não parava neste lugar, e agora é onde tenho permanecido quase o dia inteiro. Saio apenas para o essencial. Tenho o privilegio de poder trabalhar aqui, sem me deslocar muito. Faço os atendimentos online, aulas online, reuniões online e tudo mais online. Há momentos que fecho os olhos e sonho com telas, quadradinhos com pessoas e as vezes como se eu estivesse em um filme. os bichanos circulam felizes e sem entender muito bem o que fazem essas pessoas aqui. Circulam nas telas também, as vezes deitam no teclado e fixam o olhar na tela. Faz parte do cotidiano de cada um eu penso. Não ha muito o que fazer, é uma pandemia, e quem diria que em pleno 2020 teriamos uma coisa tão antiga assolando o mundo todo. Como internacionalista penso que isso tudo foi uma grande tramoia politica e economica que não deu certo e acabou virando uma grande bola de neve que atingiu principalmente quem o criou. Hoje mesmo estava assistindo um expert falando sobre como é fácil o dinheiro e o poder derrubar um país. Mas enfim, numa visão mais ambientalista eu diria que tem sido bom, já temos golfinhos novamente no Tejo, já temos tartarugas no Guaíba, e as gaivotas maravilhosas no Douro. Já temos uma natureza se manifestando novamente. E ai, olho para o meu plátano que como disse iniciei a observá-lo em março quando aqui permaneci mais tempo. Estava calor, dias maravilhosos de 28 graus ou até mais. Ele estava verde, lindo, cheio, brilhava com o céu azul ao fundo. Com seus 9 andares de altura e uma largura imensa, ele balança maravilhosamente com o vento como se dançasse para mim. Em abril, quando então já estavamos no outono e continuavamos aqui em quarentena, vieram alguns homens com suas máquinas e começaram a podá-lo. Fiquei muito braba com a forma como estavam fazendo aquela poda criminosa de quem não tem sequer conhecimento para tanto. Liguei para a prefeitura e no outro dia pararam. Há uma obra atrás do plátano, e já entrei em pânico que fossem tirá-lo dali. Claro que não pensei que para cortá-lo seria bastante dificil face ao seu tamanho e imponencia. Em maio começaram a cair folhas, já estavamos bem proximo do inverno e as folhas deixaram de ser verdes para serem amarelas. O vento já mais forte fazia com que muitas folhas caissem lentamente, cada uma com uma dança diferente. Muitas ao cair batiam na minha janela, significavam a beleza da natureza, a transformação e a partida para dar lugar a chegada. Aquele abraço de partida, para ter lugar o abraço de chegada. A sensação era forte, o cansaço era maior. Agora as folhas estão em dois ou tres tons de castanho, vermelho com amarelo e ainda caem lentamente cada vez que olho para ela. Já não vejo a hora de chegar a primavera e ver o plátano verdinho novamente. Mas ainda temos dois meses de inverno por aqui. Hoje está 14 graus, e chove muito. As folhas estão torcidas e encharcadas, mas sempre contém beleza. Talvez esse seja meu cantinho de acolhida. Quem não tem um cantinho que procure um, é o melhor lugar para percebermos nosso passado, enchergarmos nosso futuro e buscar as melhores lembranças. Ressignificar sempre. Lembre sempre que não parti porque queria, e sim porque não tive opção. Não suportaria viver sem você estando proximo a você. E a vida, continua no meu melhor estilo apesar de estarmos vivendo essa fase mundial tão ruim. É a vida que segue para amanhã podermos olhar para trás e nos darmos conta de tudo aquilo que vivemos.

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