Thursday, August 30, 2018

Um resfriado por acaso ...

Parei, já não consigo mais trabalhar hoje. Doi-me o corpo, doi-me os pensamentos. Mas sigo dizendo estou bem, estou bem, como um mantra para não me permitir ser derrotada. A vida ensina. Depois de tantos tropeços, situações complicadas, quedas terríveis, aprende-se a não chorar mais e a ser sempre muito forte para derrubar antes que te derrubem, ou ser flexível a fim de desviar dos perigos. Mas isso não acontece quando o corpo não ajuda. Por mais que eu diga vai, ele não vai mais com tanta energia, mesmo que eu fale anda, a caminhada é lenta. Então temos um tal de cérebro, pra onde enviamos sinais poderosos de ordem, e mesmo que o corpo não consiga fazer o que mandamos, o cérebro ordena e lá estamos, de pé, trabalhando e com uma programação intensa até realmente não se aguentar mais. E, essa sou eu, e lá vou eu, hiperativa, criativa e sempre tentando segurar o mundo com as mãos, apesar de muitas vezes não conseguir segurar nem a xícara do café da manhã. Mas estou bem assim, sou feliz assim, não me sinto cansada de como sou, sinto muita energia mesmo, vontade de não parar, vontade de estar sempre a conquistar mundos. Rama Pashupati já dizia, " Busco entre o silêncio, a meditação e a música o equilíbrio da minha loucura, pois inocente é, aquele que se acha normal. E, aqui, entre um m&m e outro, sentindo o sabor das cores e tentando perceber o que se passa neste momento dentro de mim, sigo caminhando, atravessando oceanos na mente e vivendo dia após dia. Amanhã, já estarei melhor com certeza, resfriados passam, mas essa energia toda, só aumenta.

Sunday, August 26, 2018

Acompanhando a solidão

Voltei acompanhada e agora já me sinto sozinha. Falavamos sobre a dificuldade hoje em dia de as pessoas ouvirem-se, olharem-se, escutarem-se e ou amarem-se. Cada vez mais o mundo está solitariamente abandonado. O que não acontece online não existe. falavamos sobre estar com alguém e o que gostariamos de estar. Falavamos sobre um dia depois do outro, sobre o acomodar-se, sobre a acomodação, sim, sobre o simples fato de a pessoa acomodar-se aquela vida que tem e não querer sair dali ou sair dela. Eduardo Galeano diz que - " o mundo é isso, um montão de pessoas e um mar de fogueirinhas., que cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras, Não existem duas fogueirinhas iguais. Existem fogueirinhas grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto, pega fogo". Acho que tenho em mim esse fogo, essa vida que não quer acabar, essa inquietação de não acomodar-se. Alguém buzina e bate palmas insistentemente na rua agora. São 22h, já muitos dormem e outros tantos recolhem-se. Levanto, vou a janela e não ha ninguém. As palmas param, os barulhos silenciam, nada mais acontece. Não há carros a passar, nem palmas a bater nem mesmo alguem a buzinar. Cai o silêncio da noite de final de domingo. Novamente alguém com uma moto buzina insistentemente na rua. Já não vou olhar na janela, fico aqui a escrever e imaginar que provavelmente é uma pessoa que quer muito chamar a atenção de alguém ou de alguma coisa. Não é comigo. Eu continuo aqui escrevendo até a rua silenciar novamente. Ouço o ligar da moto e sua partida. Coitado, não teve êxito no seu barulho insistente. Partiu, sei lá pra onde e foi ser feliz em outro lugar. Quem não o ouviu, ficou sem a pizza, ou a tele entrega que iria receber. Já não ouço mais nada, apenas meus pensamentos e as lembranças de uma sexta-feira com uma grande surpresa a ouvir os tribalistas, um sábado entre amigos, e um domingo cheio do sol e uma amiga querida. Isso prova que a solidão está dentro de nós e que mesmo acompanhados, muitas vezes sentimo-nos sozinhos. #EduardoGaleano #solidão #amigos #curiosidades #vida #felicidade