Friday, July 24, 2020

As histórias nunca acabam

Quando iniciamos uma história nova em nossas vidas, possivelmente elas não findarão. 

Permanecem eternas em nossas vidas de uma maneira ou outra. A partir do momento que encontramos alguém aquilo passa a ser eterno. Vinicius de Morais dizia: eterno, enquanto dure. Mas não é a verdade. Eterno é eterno e jamais esqueceremos daquela pessoa. Eu sinceramente não gosto muito da letra de algumas musicas de Vinicius, acho um tanto fetichistas e idealistas, mas o poema Soneto da Fidelidade diz tudo:

De tudo ao meu amor serei atento antes e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento, E em seu louvor hei de espalhar meu canto, E rir meu riso e derramar meu pranto, ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure, quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor que tive, que não seja imortal, posto que é chama, Mas que seja infinito, enquanto dure ...

Em algum ponto da vida, em algum momento, haverá o reencontro, apenas para perceber que as histórias nunca terminam.

Wednesday, July 15, 2020

Os dias passam ... na quarentena

Obras deveriam ser proibidas na quarentena. Algum vizinho resolveu fazê.la justamente agora que precisamos ficar em casa, e está desde cedo furando sem parar na minha cabeça. Logo que começou a quarentena, havia uma obra do outro lado da minha rua que me incomodava imenso com o barulho. Pois, eu olhava aquela obra e todos estavam fazendo muito barulho mas usavam fones abafadores de ouvido e talvez nem notassem a barulheira que estavam fazendo. Sim, porque trabalhar numa obra é ensurdecedor, Pois, eu entrei pelo site de uma loja, procurei uns fones abafadores da 3M que segundo me disseram eram os melhores, e comprei. Entregaram umas horas depois e fiquei feliz com meus fones abafando o som quase que por completo. E assim tenho feito quando preciso trabalhar e me concentrar em algo e há barulhos intermitentes na rua ou até mesmo aqui no prédio. A quarentena tem dessas coisas, você não pode fugir, sair pra rua quando algo te incomoda, você precisa ficar em casa e aguentar firme da forma que dá. Eu adoro fazer um barulho, não é por nada que faço parte de uma escola de percussão feminina e toco surdo, mas não suporto barulhos constantes sem melodia. Barulhos irritantes como uma furadeira sem o mínimo de musicalidade. Aliás acho que deveriam criar abafadores para furadeiras e outros a fim de evitar o barulho até mesmo para quem está trabalhando na obra. Mas como não o fizeram, fico aqui com meus fones abafadores de ruido sem ouvir nem os pássaros da árvore da minha janela. E, agora, estava aqui concentrada, ou tentando me concentrar numa apresentação que preciso fazer sobre imigração em Portugal,  e ouvia aquele ruuuuuuu e ruuuuu e ruuuuu da furadeira e até achei que estava era com fome. Levantei e ataquei a cozinha, voltei e o som irritante continuou. Coloquei os fones, mas o barulho está tão proximo que não abafa 100% e tenho que acalmar a irritação para não ir lá mandar parar com o barulho. Esses zumbidos que incomodam. Resolvi ouvir Lady Gaga bem alto, million reasons para que parem de fazer esse barulho constante e chato. 
Enfim, desabafei, preciso terminar minha apresentação para logo mais, e rezar para que na hora da live já tenham silenciado. E ainda tem pessoas que dizem que preciso ser zen. Na verdade sou muito zen, mas há limites. E os dias passam ... na quarentena de 365 dias. 

Friday, July 10, 2020

Friday

Mais um dia de sol que começou com temperaturas de 7 graus e agora está calor com 20 graus. Já esperamos a chuva no final de semana que inicia. E assim tem sido os dias punks. 

Hoje um cartório não soube interpretar uma sentença minha e excluiu o nome dos pais biologicos de uma certidão de nascimento quando era tão somente para incluir os socio-afetivos, um colega insistente pergunta atormentadamente sobre um processo meu, um amigo me manda mensagem dizendo que acha que esta com covid-19, tive duas reuniões e ainda tenho dois eventos para participar, mas estou me fazendo pois serão gravados, e se ninguém sentir minha falta vou ver amanhã com calma, meu terapeuta, sim , porque com essa vida preciso de um terapeuta, entra num assunto bastante complicado na minha vida e me deixa desestabilizada e com vontade de me aninhar e dormir até amanhã, mas não posso, pois a sexta feira ainda não terminou, e por fim uma amiga quer fazer HOJE fotos virtuais minha. Nem pense nisso hoje amiga. Alem de um caso de Barbados, sim, pasmem de Barbados, bastante complicado que me atormenta por não conseguir fazer nada. 

Queria era férias em Barbados, isso sim. Isso que era. Mas não vejo férias tão cedo nesse momento, para qualquer lado que olho tem covid. E para sair do Brasil, precicaria ir para as Canarias, ficar lá uns 15 dias e depois voar para onde eu quisesse que me deixariam entrar. HAHAHA. Tá realmente feia a coisa aqui no Brasil, mas ao mesmo tempo essa feiura não é aparente. É uma guerra silenciosa, e como tudo que é muito silencioso um dia explode. Não confio mais no silencio de ninguem e nem de qualquer coisa. Aquela teoria de cão que ladra não morde, o inverso não é verdadeiro. Senti isso na pele. Muito silencio faz mal, pessoas quietas explodem e acabam te culpando pelo silencio delas. Fujam !!!
Mas a sexta feira continua, e como eu digo pra todos os amigos, vai passar, e acredito nisso. Só não sei quando. Mas eu precisava de uns dias de férias no calor, já que o covid interrompeu toda minha viagem para a Europa esse ano. 

Siguiamo porque ainda há coisas pra fazer. Mais tarde, um vinho acalmará toda semana e terei um final de semana zen. 

Thursday, July 9, 2020

A Rua

Estamos em tempos de guerra, como aqueles filmes da segunda guerra mundial que as pessoas faziam filas na porta dos supermercados, farmácias ou lojas para adquirirem bens necessários. Minha mãe sempre conta que quando era pequena precisava colocar uma latinha no chão para marcar o lugar na fila enquanto esperavam para serem atendidas. A história se repete. E jamais pensei que iria viver isso outra vez. Hoje quando falava a ela sobre o que tinha visto em uma determinada rua que passei, ela lembrava desse momento de sua infância. Mas há algo que me tras deveras curiosidade sobre esses fatos aqui no sul, as pessoas estão apáticas. Algumas parecem que não estão a perceber a gravidade da coisa. Outras percebem tanto que nem sequer saem de casa, ou possuem um olhar de pavor e tristeza. Pois bem, como eu disse, tenho a sorte de poder trabalhar em casa até então, mas hoje excepcionalmente precisei sair a tarde, ir a vários lugares e resolver algumas coisas na rua. Apesar do frio de 14 graus, estava sol, e isso apetecia uma boa caminhada. Então resolvi que faria tudo a pé, e foi o que fiz. Nesta caminhada observei muitas coisas, o aumento de pessoas dormindo nas ruas, pedindo dinheiro, pessoas sem máscaras, outras com máscaras, grupos conversando e outros mantendo o distanciamento e as filas, muitas filas. Não precisei ficar em nenhuma fila, o que tinha para resolver foi apenas com uma pessoa e enfim, não havia risco algum de contágio. Mas é assustador, assusta um pouco ver esse mundo la fora. Não ºe o mundo que deixamos em março deste ano, é outro. A cidade é outra, agora com pouquissimos carros a rua, pouquissimas pessoas, e tudo fechado como se fosse um dia de feriado ou férias de verão, o que realmente não é normal para essa época. Ontem quando falava com uma amiga ainda lembravamos que ano passado nesta mesma época saiamos pra rua a noite para encontrar os amigos, e beber um quentão ou vinho e nos aqueciamos com boas risadas e muita alegria. Hoje, nos encontramos online, tentamos demonstrar uma alegria que não existe, um sorriso gelado e solitário deste momento que estamos vivenciando. Quiçà quando chegar a primavera já tenhamos saido dessa fase ruim, tomara, e é o que espero. desejo de todo coração que isso passe, e passe logo, mas ao mesmo tempo sei que nosso paºis com esse governo, com essa corrupção toda quer mais que o povo morra, não estão ligando a mínima. Enfim, é esse o momento. Voltei para casa a pouco com um sentimento de vazio da cidade, como se eu estivesse vivendo em outro lugar, um lugar que desconheço e que não serei feliz nele. Não quero me acostumar a isso, e não posso. Haverá dias melhores. Siguiamo !!!!

Wednesday, July 8, 2020

O Plátano ...

Brasil, 8 de julho de 2020 - quase cem dias de quarentena. Se não fosse o trabalho e os amigos eu não teria conseguido. O País como sempre vai de mal a pior. Tenho feito um resgate de muitas coisas nesse tempo de pandemia, e uma delas é esse blog que estava "dead". Resolvi escrever algo não juridico, talvez numa escrita criativa ou apenas para preencher alguns minutos do meu dia entre uma reunião ou outra ou entre um encontro online e outro, ou simplesmente entre um processo e outro. O plátano na minha janela me pede isso. Sim, há um plátano lindo que me acompanha nesse momento de pandemia. Comecei a observá-lo com mais cuidado em março, quando começou o FIQUE EM CASA aqui no Brasil. Chegando da praia, sentei-me aqui, onde estou agora e comecei a olhá-lo com cuidado. Confesso que fazia muito tempo que não parava neste lugar, e agora é onde tenho permanecido quase o dia inteiro. Saio apenas para o essencial. Tenho o privilegio de poder trabalhar aqui, sem me deslocar muito. Faço os atendimentos online, aulas online, reuniões online e tudo mais online. Há momentos que fecho os olhos e sonho com telas, quadradinhos com pessoas e as vezes como se eu estivesse em um filme. os bichanos circulam felizes e sem entender muito bem o que fazem essas pessoas aqui. Circulam nas telas também, as vezes deitam no teclado e fixam o olhar na tela. Faz parte do cotidiano de cada um eu penso. Não ha muito o que fazer, é uma pandemia, e quem diria que em pleno 2020 teriamos uma coisa tão antiga assolando o mundo todo. Como internacionalista penso que isso tudo foi uma grande tramoia politica e economica que não deu certo e acabou virando uma grande bola de neve que atingiu principalmente quem o criou. Hoje mesmo estava assistindo um expert falando sobre como é fácil o dinheiro e o poder derrubar um país. Mas enfim, numa visão mais ambientalista eu diria que tem sido bom, já temos golfinhos novamente no Tejo, já temos tartarugas no Guaíba, e as gaivotas maravilhosas no Douro. Já temos uma natureza se manifestando novamente. E ai, olho para o meu plátano que como disse iniciei a observá-lo em março quando aqui permaneci mais tempo. Estava calor, dias maravilhosos de 28 graus ou até mais. Ele estava verde, lindo, cheio, brilhava com o céu azul ao fundo. Com seus 9 andares de altura e uma largura imensa, ele balança maravilhosamente com o vento como se dançasse para mim. Em abril, quando então já estavamos no outono e continuavamos aqui em quarentena, vieram alguns homens com suas máquinas e começaram a podá-lo. Fiquei muito braba com a forma como estavam fazendo aquela poda criminosa de quem não tem sequer conhecimento para tanto. Liguei para a prefeitura e no outro dia pararam. Há uma obra atrás do plátano, e já entrei em pânico que fossem tirá-lo dali. Claro que não pensei que para cortá-lo seria bastante dificil face ao seu tamanho e imponencia. Em maio começaram a cair folhas, já estavamos bem proximo do inverno e as folhas deixaram de ser verdes para serem amarelas. O vento já mais forte fazia com que muitas folhas caissem lentamente, cada uma com uma dança diferente. Muitas ao cair batiam na minha janela, significavam a beleza da natureza, a transformação e a partida para dar lugar a chegada. Aquele abraço de partida, para ter lugar o abraço de chegada. A sensação era forte, o cansaço era maior. Agora as folhas estão em dois ou tres tons de castanho, vermelho com amarelo e ainda caem lentamente cada vez que olho para ela. Já não vejo a hora de chegar a primavera e ver o plátano verdinho novamente. Mas ainda temos dois meses de inverno por aqui. Hoje está 14 graus, e chove muito. As folhas estão torcidas e encharcadas, mas sempre contém beleza. Talvez esse seja meu cantinho de acolhida. Quem não tem um cantinho que procure um, é o melhor lugar para percebermos nosso passado, enchergarmos nosso futuro e buscar as melhores lembranças. Ressignificar sempre. Lembre sempre que não parti porque queria, e sim porque não tive opção. Não suportaria viver sem você estando proximo a você. E a vida, continua no meu melhor estilo apesar de estarmos vivendo essa fase mundial tão ruim. É a vida que segue para amanhã podermos olhar para trás e nos darmos conta de tudo aquilo que vivemos.