Thursday, July 9, 2020

A Rua

Estamos em tempos de guerra, como aqueles filmes da segunda guerra mundial que as pessoas faziam filas na porta dos supermercados, farmácias ou lojas para adquirirem bens necessários. Minha mãe sempre conta que quando era pequena precisava colocar uma latinha no chão para marcar o lugar na fila enquanto esperavam para serem atendidas. A história se repete. E jamais pensei que iria viver isso outra vez. Hoje quando falava a ela sobre o que tinha visto em uma determinada rua que passei, ela lembrava desse momento de sua infância. Mas há algo que me tras deveras curiosidade sobre esses fatos aqui no sul, as pessoas estão apáticas. Algumas parecem que não estão a perceber a gravidade da coisa. Outras percebem tanto que nem sequer saem de casa, ou possuem um olhar de pavor e tristeza. Pois bem, como eu disse, tenho a sorte de poder trabalhar em casa até então, mas hoje excepcionalmente precisei sair a tarde, ir a vários lugares e resolver algumas coisas na rua. Apesar do frio de 14 graus, estava sol, e isso apetecia uma boa caminhada. Então resolvi que faria tudo a pé, e foi o que fiz. Nesta caminhada observei muitas coisas, o aumento de pessoas dormindo nas ruas, pedindo dinheiro, pessoas sem máscaras, outras com máscaras, grupos conversando e outros mantendo o distanciamento e as filas, muitas filas. Não precisei ficar em nenhuma fila, o que tinha para resolver foi apenas com uma pessoa e enfim, não havia risco algum de contágio. Mas é assustador, assusta um pouco ver esse mundo la fora. Não ºe o mundo que deixamos em março deste ano, é outro. A cidade é outra, agora com pouquissimos carros a rua, pouquissimas pessoas, e tudo fechado como se fosse um dia de feriado ou férias de verão, o que realmente não é normal para essa época. Ontem quando falava com uma amiga ainda lembravamos que ano passado nesta mesma época saiamos pra rua a noite para encontrar os amigos, e beber um quentão ou vinho e nos aqueciamos com boas risadas e muita alegria. Hoje, nos encontramos online, tentamos demonstrar uma alegria que não existe, um sorriso gelado e solitário deste momento que estamos vivenciando. Quiçà quando chegar a primavera já tenhamos saido dessa fase ruim, tomara, e é o que espero. desejo de todo coração que isso passe, e passe logo, mas ao mesmo tempo sei que nosso paºis com esse governo, com essa corrupção toda quer mais que o povo morra, não estão ligando a mínima. Enfim, é esse o momento. Voltei para casa a pouco com um sentimento de vazio da cidade, como se eu estivesse vivendo em outro lugar, um lugar que desconheço e que não serei feliz nele. Não quero me acostumar a isso, e não posso. Haverá dias melhores. Siguiamo !!!!

No comments:

Post a Comment